É essencial abrandar

É essencial abrandar

Você já se sentiu a ir ao limite? Tão sobrecarregado que o seu cérebro já não ia aguentar muito mais tempo? A dar tudo de si e a sua energia a ser sugada?

 

Vivia a correr, a dar atenção a 1001 coisas. O tempo passava depressa. Trabalhava demasiado e sem horário.

 

Por adorar tanto o que fazia, não me conseguia desconectar.

 

Estava presente em alguns momentos importantes, mas só fisicamente.

 

Por vezes, esqueci-me do mais importante para mim e porque também decidi ser eu a decidir a minha vida.

 

Passei a não ter tempo para celebrar as conquistas.

 

Já não estava a 100% e não o queria assumir. Mantinha-me forte, dava sempre o máximo mas a verdade e que poucos sabem, é que estava exausta.

Em 14 anos de carreira, nunca me tinha sentido assim. Cansada sim, mas nunca com o meu cérebro e corpo no estado a que tinha chegado.

A paixão pelo que faço e o rápido crescimento do meu negócio, fizeram com que adiasse constantemente uma avaliação a mim própria.

 

Vivemos num ritmo alucinante, onde tudo acontece muito rápido.

 

Estava sempre ocupada. Sabia que ia ter de parar mas estava difícil.

 

Queria dar sempre resposta, fazer tudo bem, ajudar os meus clientes, entregar planos, desenvolver a minha Marca, crescer mais e mais. Tinha sempre novas ideias e muitos planos e projectos que não queria adiar por muito tempo. A agenda estava sempre cheia. Passava os dias, as noites e os fins-de-semana no computador. E o resto? E eu? A minha saúde? A minha família? O mundo lá fora?

 

Sei que este é um ano atípico mas não acho que isso seja desculpa para tudo. Ter uma criança pequena a ter aulas online o dia todo em casa foi esgotante. Mas essa é apenas uma parte da realidade. A parte que eu não podia mudar.

 

Estava e estou muito feliz, isso é certo, apesar deste misto de emoções. Cada vez tenho mais a certeza que fiz as escolhas certas para mim.

 

Regressei recentemente de umas férias. Já não parava há mais de um ano. Antes de ir, fiz uma sessão com um cliente. Quando desliguei, ainda tinha textos para preparar mas senti que já não aguentava nem mais 2 segundos. Não dava para mais. Corri, corri, corri e quando "passei a meta", "fui-me".

 

Nos últimos tempos, dava-me conta de coisas que sabia que não estavam certas. Nunca foi meu objectivo viver para o trabalho. O meu objectivo, entre outros, era ter tempo de qualidade. Tempo para também ser uma mãe mega presente. Tempo para gerir o meu tempo.

 

E claramente isso não estava a acontecer.

 

Precisava desligar completamente, dedicar-me a outras coisas muito importantes da minha vida e foi isso que fiz durante 7 dias. 7 dias foram suficientes. Voltei revitalizada. Foi tempo de qualidade. Completamente desligada do trabalho. Dedicada à família. Sem pensar em nada (nunca pensei que isso fosse possível).

 

Precisava aceitar e avaliar o que estava a fazer, o que me estava a acontecer e para onde estava a ir.

 

Precisava abrandar. Parar. Desligar. Por mim e por todos os que me rodeiam.

 

Há muita pressão no empreendedorismo. Eu sinto-a. Apesar de nada ser seguro, hoje em dia, quando trabalhamos por conta de outrem, as coisas são um pouco diferentes.

Quando empreendemos, há uma luta constante e enorme não só para sobreviver como também para prosperar. Temos um peso acrescido em cima de nós. É preciso ir à luta e nunca baixar os braços. E eu adoro isso. Mas quem corre por gosto, também cansa.

Estou um pouco farta de só ler coisas maravilhosas sobre empreender. Também existem. Mas há muito para além disso. O lado um pouco negro que poucos falam. Já falei um pouco sobre ele noutros artigos e voltarei a falar no futuro.

 

Vou continuar a querer mais e a dar mais. Tenho uma ambição saudável. E ela guia o meu caminho. Procurando sempre não "perder o meu norte".

 

Vou querer dar sempre o meu melhor a quem confia a sua Marca em mim e vou fazê-lo.

Vou manter-me fiel aos meus valores e comprometer-me com o que mais importa para mim. Vou abrandar quando tiver de o fazer.

 

Haverá sempre altos e baixos. Haverá sempre um preço a pagar pelas escolhas que fazemos. Haverá sempre retorno. E haverá sempre oportunidade para mudarmos o que deve ser mudado.

 

Nestes dias de férias, retirei algumas conclusões e aprendizagens importantes:

 

  1. É essencial desconectar. Desligar do online e viver o offline por um tempo. Desligar o computador. Desligar as notificações. Assumir que a resposta nem sempre será imediata e que isso não faz mal, é algo natural. Existem limites que devem ser aplicados.
  2. Devemos assumir como nos sentimos. Ninguém está sempre bem. Também não precisamos de passar a vida a queixarmo-nos. Mas podemos assumir, quando necessário, o que se está a passar connosco. As outras pessoas também o percepcionam. A verdade fica sempre bem e se estiverem do nosso lado, certamente compreenderão.
  3. Guardar mais momentos só para nós. Menos selfies. Menos fotos para as redes sociais. Viver mais o momento. Preservar cada vez mais certos momentos. Dar-me a conhecer, sim e ao meu trabalho mas com os meus limites. Mostrar o que sentir vontade no momento e manter reservados os momentos íntimos e familiares. Revelar o que tenho a revelar ao público certo e no momento certo.
  4. Não perder tempo com o que não nos faz bem. Evitar pessoas, lugares e acções que não nos levam a lado nenhum. Muitas vezes só nos fazem mal. Focar em boas energias, boas pessoas, bons momentos. Focar na evolução, no positivo, na aprendizagem, na inovação e no desenvolvimento pessoal, familiar e profssional.
  5. Encontrar o nosso equilíbrio no nosso desequilíbrio. Estamos sempre em evolução. A nossa vida e carreira mudam e as nossas prioridades também. O importante é irmos ganhando consciência do que nos faz bem e menos bem e daquilo que precisamos para sermos felizes. Cada pessoa tem o seu equilíbrio e é preciso aceitá-lo e respeitá-lo.

 

É essencial abrandar. Abrandar para progredir e sermos mais felizes.