(In)Felicidade no Trabalho – Parte I

(In)Felicidade no Trabalho – Parte I

Entro no trabalho

Cheia de alegria

Vou-me divertir

Bom dia, bom dia.

 

Como são as suas manhãs? Acorda entusiasmado e cheio de vontade de ir para o trabalho? Ou vive simplesmente numa rotina, em que até prefere não se questionar porque ainda o faz e se o vai fazer por muito mais tempo?

 

Ao longo da minha vida profissional passei por várias empresas e em todas elas existia pelo menos uma pessoa (na verdade, existiam várias) que numa pausa da manhã para um café dizia “Nunca mais são 6 da tarde” ou então “Nunca mais é 6feira” (isto dito numa 2feira…). Eu sempre dei por mim a pensar “Mas como é possível uma pessoa viver assim?” “Se não estás bem porque não fazes algo para mudar?”. Também existe aquele tipo de pessoas que passa a vida a queixar-se de tudo e de todos e já fazem disso um modo de estar. Mas depois existem aquelas que se percebe que estão claramente no sítio errado à hora errada.

 

O grande problema chegou quando também eu fui absorvida por este tipo de pensamentos. Numa das vezes apercebi-me que me custava imenso levantar da cama. E fui procurar o porquê. Cheguei à conclusão que adorava o ambiente de trabalho mas não gostava nada do sector e da função que tinha. Foi então que decidi que queria trabalhar no grande consumo.

 

Passaram-se anos até ter novamente essa sensação. Mas dessa vez foi bem pior. Sabem quando têm noção que têm de fazer uma cara melhor mas já está muito difícil? Sabem quando têm de falar com o vosso chefe mas não vos apetece nada? Sabem quando surge um projecto interessante mas que não vos apetece nada fazer? Sabem quando vos custa passar na porta da entrada? Eu espero que vocês não saibam. Mas eu soube. Estava “agarrada” a um bom salário, bons benefícios e presa a uma realidade que eu não suportava. Não sou do tipo de pessoa de ficar a viver “nisto”. Quando tentei sair apercebi-me de vários constrangimentos: o mercado não pagava o que eu recebia na altura, a empresa onde estava não era muito conhecida em Portugal e cada vez que ia a uma entrevista dava por mim a pensar “Mais do mesmo”.

 

Continuo a ver e a falar com pessoas que estão insatisfeitas no seu trabalho: ou porque trabalham muitas horas, ou porque acham que são mal pagas, porque não percebem o rumo da empresa, porque não gostam do chefe ou porque acham que fazem coisas que não compete à sua função. E sabem o que têm feito essas pessoas? NADA. Queixam-se, mas não fazem nada. Aliás, fazem a sua escolha. Escolhem viver assim. Vejo que estão exaustas física e psicologicamente. Vejo que passam 1 hora (sim, 1 hora) por dia com os seus filhos. Vejo que que têm bons carros, bons telemóveis… mas não as vejo felizes. Bens materiais prevalecem face a uma vida apaixonada e de prazer? De certa forma já vivi assim até começar a questionar-me. E quando começamos a questionar devemos estar preparados e cientes para as respostas que possam vir ao de cima. Se não estamos não vai resultar. Se estamos, então vamos lá.

 

Desafio-o a si, aqui e agora que está a ler este meu artigo (o meu obrigada desde já) a responder a estas questões. É feliz no seu trabalho? Como pode ser mais feliz? Tem a possibilidade de abraçar um outro trabalho que o fará mais feliz? Se não tem essa possibilidade, como poderá melhorar o seu trabalho actual? Quais foram as suas melhores experiências ao longo da sua vida profissional? Anote estas respostas para mais tarde.

 

E qual é o papel das empresas nestas situações? Uma boa empresa que se preocupa e actua verdadeiramente para criar um ambiente feliz pode fazer toda a diferença. E essa diferença pode estar em coisas como: adequar o trabalho às capacidades do profissional, dar autonomia, responsabilidade à pessoa e mostrar a importância e o impacto que aquele profissional tem na missão da empresa. Parece simples. Sim, mas eu sei. Da teoria à prática pode ir uma longa distância…

 

Não podemos nem devemos entregar a gestão da nossa vida às empresas, devemos ser nós a tratar disso mesmo. Nós somos os responsáveis pela nossa vida, pelo nosso caminho, pelas nossas escolhas. E nada de arranjar desculpas e bodes expiatórios.

 

Então, o que fazer se o trabalho que tenho não me traz aquela felicidade? Eu não tenho respostas perfeitas, soluções mágicas ou dicas milagrosas (acho que ninguém tem…). O que lhe peço é que pare e pense em possíveis caminhos para si. Realistas, alcançáveis e ponderados. Será que pode buscar em si forças interiores que lhe façam ganhar mais entusiamo pelo seu trabalho actual? Será que mudar para um departamento diferente poderá ser uma solução? Será que pode propor à empresa algum desafio que seja interessante para si e para ela? Ou será que o futuro passa mesmo por algo diferente? Muitas pessoas têm medo. Medo de mudar, medo de sair da sua zona de conforto, medo de não dar certo, medo de se arrependerem, medo de não conseguirem manter o mesmo nível de vida…medo, medo, medo. Mas há cada vez mais pessoas que apesar de terem medo também têm coragem. Coragem para lutar pela sua felicidade. Mais uma vez, é tudo uma questão de escolha. Quer felicidade? Trabalhe naquilo que gosta, no que é bom, no que o motiva.

 

E como o descobrir? Por onde começar? O que fazer?

 

(Continua).