(In)Felicidade no Trabalho – Parte II

(In)Felicidade no Trabalho – Parte II

Se por um lado conheço pessoas que sabem exactamente o querem para a sua vida profissional, por outro cada vez conheço mais que estão confusas. Depois existem pessoas que já podem fazer acontecer a sua escolha e aquelas que ainda não se podem dar a esse “luxo”. Digo luxo porque a realidade é diferente de pessoa para pessoa. E é preciso ter várias “seguranças” para se poder avançar para o plano de acções.

 

Conheço tantas… Pessoas que não se sentem realizadas, valorizadas, reconhecidas. Pessoas que se sentem cansadas. Pessoas que querem criar o seu negócio. Pessoas que descobrem que querem fazer outra coisa. Pessoas que descobriram a sua vocação…

 

Quando fiz uma pausa profissional e passei pelo meu período de reflexão tive dezenas de ideias. No início pareciam entusiasmantes mas depois comecei a racionalizar e a analisar como todas se conjugavam com as minhas outras vidas (pessoal, familiar,..) também elas muito importantes! Quando fazemos uma mudança é preciso avaliar não só se temos condições (psicológicas, familiares, financeiras,..) para a fazer mas também o impacto desta em toda a nossa vida.

 

E sabia que se estivermos felizes no trabalho esse estado de espírito vai-se reflectir na nossa vida pessoal? Quantas vezes deu por si a chegar a casa e a descarregar o que de negativo aconteceu no trabalho? Quantas vezes deu por si com sentimentos menos bons quando tinha de enfrentar alguns colegas?

Quantas vezes reagiu menos bem em casa porque estava com a cabeça numa situação do trabalho que o perturbou? Quantas vezes sentiu um cansaço extremo que só queria chegar a casa, deitar-se e esquecer tudo o que aconteceu nesse dia? Não digo que quando trabalhamos no que amamos isto também não possa acontecer mas garanto-lhe que com muito menos frequência e muito menor intensidade. Não acredito na perfeição.

 

Antes de definir a sua escolha sugiro que pense na forma como pretende encarar o seu trabalho daqui para a frente já que grande parte das horas do seu dia é dedicado a ele e assim continuará a ser. O que é o trabalho para si? Qual a importância que este tem na sua vida? O que quer que ele seja? É simplesmente uma forma de ganhar dinheiro? Faz o que tem a fazer e pronto, no final do mês recebe a sua recompensa e isso satisfaz? É legítimo. Encara o trabalho como um projecto de vida ambicioso em que quer muito chegar a um patamar e vai subindo os degraus…como costumo dizer: vai seguindo a linha recta de uma carreira (por vezes, idealizada há já tanto tempo…)? Ou quer mesmo fazer algo que gosta? Que lhe dê prazer? Que o motiva? Para o qual acha que nasceu e está destinado a deixar uma Marca?

 

Para mim trabalho sempre foi fazer o que gostava. Tirei o Curso que queria e trabalhei sempre em Maketing. E até há algum tempo não é que não gostasse do que fazia. Simplesmente já não me satisfazia completamente. Parecia sempre o mesmo. Parecia que não evoluía, já não me desafiava. Faltava-me aquela motivação WOW! Esta era o sentimento que predominava. Mas no “final da tal linha recta” também havia outros. Já não percebia bem o meu papel, porque tinha de fazer o que tinha de fazer e daquela forma. Não me sentia importante como supostamente me deveria sentir. Queria contribuir mas o outro lado parecia não querer receber. Hoje vejo a questão dos valores de outra forma. Na verdade, nunca tinha parado para pensar nela. E não me refiro aos valores financeiros.

 

Refiro-me aos meus valores e aos valores para quem trabalho. No tal “final” estavam tão desenquadrados que não fazia sentido continuar… Não basta dizer que se é assim ou de doutra forma, que se pratica determinado valor e depois isso não se verifica. É preciso mesmo colocar os valores em prática e que as pessoas/profissionais os sintam. E é preciso que haja a tal sintonia entre ambos. Já não me identificava com a envolvente onde estava. Já não queria continuar assim… Quando quis mudar, dava por mim a não querer ficar selecionada em bons processos de recrutamento o que serviu também para confirmar o que eu já desconfiava. Foram muitas coisas que tomaram conta da minha cabeça e ainda bem porque foi o princípio de um fim e o princípio de um outro princípio.

 

Na escola, no trabalho, nas formações somos muitas vezes confrontados com avaliações. Avaliações que muitas vezes nos dizem o que devemos melhorar baseado nos nossos pontos fracos. Se for de facto importante para os nossos objectivos concordo que sejam trabalhados. Mas nunca se esqueça dos seus pontos fortes, foque-se neles, naquilo em que é bom, no que faz bem, onde foi bem sucedido, onde o elogiam verdadeiramente.

 

Depois pense em como poderá utilizar esses pontos fortes para colocar em prática as suas paixões.

 

Oiça opiniões (válidas) mas acima de tudo pense: O que quer fazer? Como quer passar os seus dias? O que realmente ama? O que lhe dá prazer? O que quer e pode deixar ao Mundo? Qual é o seu propósito? Que qualidades, competências, talentos tem que lhe vão dar um valor único naquilo que fizer? Depois misture todos estes ingredientes, “leve ao forno” durante algum tempo, veja o resultado e compare com o que tinha definido como o conceito de trabalho que deseja para o futuro.

 

Esta fase que descrevo acima é muito importante e é essencial nos projectos de Marca Pessoal que desenvolvo. Dando o meu exemplo: sempre adorei Marketing, Marcas e adoro, muito! E o meu trabalho foi sempre muito bem reconhecido pelas empresas, colegas e chefes que tive. Sempre quis levar as “minhas Marcas” e “produtos” ao seu melhor lugar no mercado. Mas isso já não me fazia vibrar. Aos poucos (e não demorou muito tempo) fui descobrindo a minha paixão: Pessoas + Profissionais + Carreira + Branding + Marketing + Felicidade = Gestão da Marca Pessoal ou Personal Branding. Confesso que desta soma ainda resulta outra área da qual gosto muito mas que ainda está em stand-by (surgirá no momento certo). Podia colocar muitas mais palavras nesta soma mas todas elas iriam dar ao resultado que descobri. Hoje o meu propósito é um pouco diferente (mas não assim tanto, apenas o aprimorei de acordo com a minha essência). Antes queria elevar as Marcas de Produtos e Serviços. Hoje quero elevar Marcas de Pessoas.

 

Esta reflexão para mim foi um ponto-chave. A conclusão chegou passados uns meses. Não foi imediata. As pessoas podem ter sentimentos, “luzes”, descobertas, experiências mais ou menos diferentes da minha mas o processo de reflexão, esse, não varia muito do que aqui apresento.

 

Veja este exemplo. Estou a ler um livro muito interessante sobre mudança de carreira. Ainda estou no início mas posso partilhar que o processo de escolha do autor começou quando prestou mais atenção à sua voz interior, ao que esteve sempre lá na sua cabeça mas que depois começou a soar com mais intensidade, mostrando cada vez mais aquilo que ele gostava verdadeiramente de fazer.

 

Você tem uma voz interior? Tem algo que lhe vem com frequência à cabeça? Recorda-se de uma área que gostava muito quando era criança? Tem dado por si a seguir determinados exemplos e inspirações? O que tem questionado?

 

E se não puder mudar já? E se, por enquanto, quiser apenas “arrumar” um pouco alguma confusão que sente no ar? Comece a prestar mais atenção aos hobbies que gosta e dedique-lhes tempo. Esteja receptivo e pratique novas actividades. Tente olhar para o seu trabalho actual com uma nova perspectiva, tente “limpar” algumas crenças menos positivas e procure explorar situações ainda não exploradas por si. Escreva. Escreva o que mais gosta e o que menos gosta no seu dia. O que pode mudar, introduzir, reinventar, eliminar? Procure encontrar um significado no que faz, uma causa, identificar como está a contribuir para algo maior.

 

Mas nunca se esqueça: tenha um plano para si. Nunca se esqueça de ter objectivos para a sua vida. Nunca se esqueça que só vivemos uma vez. Nunca se esqueça que você é único. Nunca se esqueça da sua felicidade. Nunca se esqueça de investir em si!